mau feitio Membro
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| Assunto: Portugal e o futebol cresceram demasiado a crédito» Dom Out 24, 2010 1:21 am | |
| A BOLA dá-lhe, este domingo, a conhecer a vida e a personalidade de José Eduardo Bettencourt, precisamente no dia em que ele completa 50 anos de idade. Da educação dos princípios e dos valores, que recebeu na infância, à entrada (sem vocação) para o mundo das finanças.
Há muita gente que ainda pensa que é mais um dirigente sportinguista do eixo Estoril-Cascais...
Pensa mal. Nasci em Lisboa e continuo a viver no centro de Lisboa, por sinal numa casa de família, que foi comprada ainda pelo meu bisavô. O meu avô nasceu na cama onde durmo hoje, em 1901. É uma casa anterior ao terramoto, comprada ainda antes da República e, portanto, é uma casa pela qual temos uma certa relação afectiva.
Em que rua de Lisboa? Não quero tornar público.
Qual é a origem do apelido Bettencourt? A origem é da Normandia, de um senhor que veio para as ilhas atlânticas depois de uma guerra feudal. Esse senhor tinha 12 irmãos. Por acaso descendo do primeiro desses irmãos, que chegou a ser rei das Canárias, no mesmo tempo em que foi firmado o Tratado de Tordesilhas. Esses 12 irmãos correram o mundo. Muitos foram para o outro lado do Atlântico, outros voltaram para cá. Depois tive raízes insulares, porque este meu ramo ficou nas ilhas e, portanto, tenho uma costela insular forte.
Madeira, Canárias e Açores? Tudo Madeira e Açores e, também, do outro lado do Continente. Mais recentemente, uma família de médicos, todos ligados à investigação. Três deles foram directores do Instituto Câmara Pestana.
Estamos a falar de que altura? O meu avô foi o último, morreu por volta de 1973/74. Mas, de um lado e de outro, uma família de médicos, que, por acaso, eram amigos. Eu tive a sorte de viver muito com os meus avós. Trabalhavam muito e uma coisa importante que me transmitiram foi o valor do trabalho, independentemente de terem momentos melhores ou piores na vida.
Vem, pois, de famílias abastadas... Nunca houve grandes luxos em minha casa, até porque o pai do meu avô era muito velho e ele, muito jovem, teve de alimentar muita gente. Era médico, foi médico do Hospital da CUF, director da companhia de seguros Império, mas médico numa zona economicamente difícil, numa altura de muita pobreza em Portugal. Chegou a contar-me que houve dias em que não trazia dinheiro para casa. A minha avó ficava preocupada, mas ele respondia-lhe: a miséria é tanta que o pouco dinheiro que levava deixei lá.
Era uma espécie de João Semana? Ainda hoje encontro gente que o recorda com muita saudade. Nós vivíamos no rés-do-chão e ele no primeiro andar e isso também ajudou sempre à minha educação, a ter um espírito de família muito forte e a ter sempre grande respeito por valores. Foi uma sorte ter sido educado por pessoas mais antigas. Mantenho, hoje, hábitos que aprendi com ele, como preservar uma certa austeridade e preocupar-me com a conservação de coisas. Em minha casa nunca se desperdiçou comida, sempre se comeram os restos do dia anterior.
«Nunca fui latifundiário» Tem irmãos? Tenho um irmão e tinha outro, que morreu. Éramos três.
O seu irmão morreu com que idade? Novo, muito novo. Um ano, por aí. Já não o cheguei a conhecer. Sei que se chamava Alexandre e tenho um irmão que se chama Vasco.
Esse irmão é mais novo? Tem menos dois anos.
Costumavam jogar à bola? Sim. Tínhamos uma quinta perto de Sesimbra e tínhamos uma propriedade no Alentejo, que foi sempre de família, desde o século XVI, mas que é uma propriedade pequena. Ao contrário do que chegaram a dizer, até aqui no Sporting, nunca fui um latifundiário, mas tenho grande ligação afectiva por essas terras do Alentejo.
Em que zona é essa propriedade? Fica no Baixo Alentejo, mas nos anos 70 não havia ainda mecanização, era um trabalho de mão-de-obra intensiva. Quando era miúdo, por essas terras jogava eu à bola e ia aos pombos e aos pardais. Tive, na juventude, uma visão socialmente importante.
Qual foi a sua escola primária? Lar da Criança. Era um colégio. Depois, os meus pais proibiram-me de andar em escolas privadas e, portanto, a partir da instrução primária andei sempre em escolas oficiais. Primeiro, na Escola Manuel da Maia, que era costas com costas com o Casal Ventoso. No primeiro dia de escola roubaram-me os cromos da bola, que eu estava a coleccionar com tanto entusiasmo... ia sempre de eléctrico para a escola. Depois frequentei o Pedro Nunes e, mais tarde, aluno universitário, a Universidade Nova. Toda a gente acha que sou da Católica, até o meu antigo patrão achava isso. É uma coisa que me persegue... Um 16 a economia Marxista. | |
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